terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Me apodreço com gosto

De novo
um mês que passa
não muda nada

Então deixa eu gastar 
a madrugada
pra dizer que
o que não é fraude é poesia

Quero mesmo
mastigar essas palavras
e cuspir pedras

Vem, finge 
que ainda é cedo
e faz o meu tipo incerto

Me olha 
propiciando vontades
Me desgosta 
até eu cometer uma chacina

Depois senta 
e bebe comigo o chá mais doce
que eu não sei fazer

Consentindo
que lhe escreva
de modo mais 
deliberado profano podre

Como se eu estivesse além
dessa literatura marginal

Daí quando me cansar de você
finjo que sei desenhar
e faço o caixão mais bonito
pra lhe guardar

[como num sonho bom] 

01/12/2013

3 comentários:

  1. Li esse teu poema e pensei logo em seguida "puta merda, ela sabe o que tá fazendo"! Que poesia incrível, Hellen! Desse com esse escrito teu uma mexida bacana aqui dentro. Sabe aquele tipo de texto que depois de lido te faz pensar: "velho, esse cumpriu a função que devia (sendo essa a de ir lá no fundo da gente, fazer um eco danado, derrubar tudo quanto for certeza e voltar como um sádico sinistro, nos deixando como função reconstituir tudo)". Obrigada por ter me propiciado essa sensação!

    Muita, mas muita poesia e inspiração pra você!
    PS.: Senti saudades dos teus textos, fico feliz em revê-los e lê-los novamente.

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  2. Perfeita, impecável, um show de imagens... Poetiza na concepção exata da palavra, bravo!!!

    http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/

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