sábado, 6 de setembro de 2014

Estando aí eu fui embora de mim

   10 de dezembro do ano mais confuso que já tive seis horas de viagem garoa leve areia branca água gelada roupas molhadas ventania harmônica exposições culturais ansiedade evidente rios bem desenhados pela natureza igrejas monumentais sebos impecáveis os mesmos degraus que em outrora escrevi pessoas bonitas pessoas bonitas e despreocupadas o fedor de esgoto em frente ao único shopping daquela cidade minha saudade programada a visão estonteante do quarto andar da imensa janela daquela faculdade o pastel de queijo delicioso da cantina mais próxima meu desespero nada opcional as ruas largas e meu medo estreitando dentro de mim vontade de nunca mais ir embora depois bater na tua porta e dizer que a fantasia me fez ficar aquelas praças das suas fotografias me mostraram momentos que eu nunca irei ter a biblioteca pública abrigando milhões de estórias e histórias também abraçou a poesia que fomos eu não te vi mas o enxerguei em todas as esquinas mais desertas da sua cidade será que você me entende? me senti parte daquela população como se eu fosse inegavelmente mais alegre e maldita na sua urbanidade penso que em nome da mesma fantasia eu não o procurei e se te procurasse o que eu estaria escrevendo agora?


10 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Esse texto em prosa/poema é qualquer coisa que eu não sei definir direito só me basta sentir descrever ouvindo essa musica incrível que combina perfeitamente com o que foi escrito parecendo uma viagem alucinante um mergulho em nos próprios, fim. Notei que não usou virgula Hellen?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não usei, desejo que quem leia isto não tenha tempo de respirar direito... Como eu dentro dessa estória.

      PS: Obrigada por seus comentários, fico sempre lisonjeada!

      Excluir
    2. Adorei, você é sempre surpreendente, originalíssima, escreve numa profusão surpreendente. Em verso e prosa, aprovas. Eu que agradeço.

      Excluir
  3. Hellen, tudo faz sentido, sentido na face mais real e intrínseca possível. Tanta sinestesia junta, pude sentir o cheiro de cada viela e imaginei como essa cidade é bonita e triste, meu bem.

    ResponderExcluir
  4. Crescer é tocar o que faz doer e resistir.
    Saudações,

    ResponderExcluir
  5. Tá aí um texto que sublima tua capacidade e teu talento. O encontro da forma com o conteúdo, resultando em algo que não pode me causar nada além de um enorme deleite.

    ResponderExcluir
  6. Adoro tuas confusões expressas em poesia. Palavras que, de tão fluidas, não necessitam de qualquer pontuação. Incrível.

    ResponderExcluir
  7. A falta de pontuação me confundiu um pouco no começo, mas depois me acostumei e realmente dá um fluxo maior e ininterrupto ao texto, muito interessante, assim como a música que escolheu Hellen.

    Beijos

    ResponderExcluir
  8. Não há alternativa para o agora apenas para o depois. Lembranças podem rescrever realidade.

    ResponderExcluir