terça-feira, 4 de novembro de 2014

O nome dele é João

Ele é a folha em branco 
desejando minhas palavras 
quilométricas
É a força da natureza
que me encanta com a garoa
mas me ganha com a ventania
Ele é aquele homem arredio
torcendo para eu lhe amarrar
com cordas trançadas
É para mim a Marília de Dirceu
e Dorian Gray de Wilde
Ele é o que ninguém acredita
Sem data no calendário,
sem fim previsto
E tudo o que eu não sei
sobre ele, eu sento e aguardo 
os dias me mostrarem
No embalo da paixão mais comedida,
vivendo sob a sombra do gostar mais trágico
Descansamos então na rotina cíclica e perene
desses poemas que perpetuo na vontade
de contornar os traços de suas voluptuosas mãos
Como se não fosse eu arquiteta ou artesã
dessa grandiosa obsessão.

6 comentários:

  1. Assim é o binômio poeta-poesia.
    Quando se arquiteta uma grandiosa obsessão, quando se alimenta uma paixão trágica, tens ai a colcha de retalhos de um grande poema....
    Escreva portanto seu poema nele, aquela página em branco que pode vir a escrever tua vida...
    Lindo!

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  2. É, este é João :/
    Eu amo o que tu escreves, não tem jeito, perfeito sempre!!

    Bjoo'o

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  3. O maior perigo quando criamos o amor são os traços além da realidade.

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  4. Obsessões sem data de validade: as mais frutíferas

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  5. Un le estas cousas que ti escribes e desexa ser capaz de experimentar o amor como fas ti, Helen. É asombroso xD

    Por certo, os últimos versos encantáronme. Sensuais. Desesperados, á súa maneira. Perdida e irremediablemente románticos.

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